domingo, 22 de março de 2009

MENTIRA



Olá meus caros leitores.



Incomodado com a falta de comentários em meus textos anteriores, passei esta semana pensando em uma solução. Acho que descobri. Uma leitora me disse que tem lido minhas críticas cinematográficas, no entanto não tem argumento para comentar um filme que não assistiu.

Como a auto-estima e o prestígio de um blogueiro é conquistado pelos comentários de seus leitores, tomei a iniciativa de começar a escrever sobre temas diversificados, não me focando apenas em cinema.

Ainda durante esta semana, concentrado na deleite leitura do livro “A sangue frio”, de Truman Capote, dei de cara com uma frase utilizada pelo autor para justificar sua fama de mentiroso: Mentir nada mais é do que acrescentar ficção à sua vida. Divulguei para muitos este jargão, creio que alguns que estão lendo este texto vão se familiarizar com tal e assimilar a quem lhe escreve agora.

Pensando nesta imagem negativa que posso ter transmitido, vou explicar meu ponto de vista sobre esta frase para que meu leitor possa entender a contento.

A frase pode ser interpretada de diversas maneiras. A palavra ficção dá a impressão de ser muito positiva para quem vive em um mundo inexistente. Aí que mora o real perigo de Truman Capote estar transformando uma legião e mentirosos.

Deixando um pouco a rigidez de lado, me sinto na obrigação de citar uma história de Orson Welles, dono do maior fato ficcional da história da humanidade. Todos já devem ter ouvido falar da estória que Welles inventou, ao vivo durante um programa de rádio nos Estados Unidos, narrando a invasão de extraterrestres na terra. A mentira foi tão verdadeira que a grande parte da população entrou em prantos.

A mentira é uma mascara. Ao contrário do que a grande maioria pensa, entretanto, esta mascara representa a o ponto mais negrume da alma do ser humano.

Mentir virou algo inerente de do ser humano de maneira tão grandiosa, que ser cético é, hoje em dia, uma característica de todos.

Felipe Pugliese

13 comentários:

André Ranieri disse...

Não concordo tanto com a visão apresentada. Apesar de em alguns momentos a mentira não ser colocada como uma total vilã, na conclusão do post ela é vinculada a uma forma negativa. Pra mim, ela é necessária e está presente em todas as pessoas. Encontramos momentos onde ela tem que estar presente. Obviamente não pode ser usada de forma a interferir em nossa credibilidade, mas com certeza está presente em todo mundo.

Tuca Veiga disse...

Acho que a pitada de ficção, ou o toque de fantasia que muitas pessoas dão às histórias, existe para que as mesmas ganhem mais tempero, mais humor ou mais impacto, seja lá qual for a intenção. O "aumento mais não invento", famoso jargão de Nelson Rubens, é adotado por muitos para dar consistência a acontecimentos que para a pessoa pode ter sido incrível, mas que contados exatamente como foram, podem parecer sem graça aos olhos alheios.

Fausto Monteiro disse...

Falar que mentir é criar ficção é querer maquiar a falta de coragem. Afinal, quem aqui nunca se deparou em uma situação da qual não teve postura o bastante para dizer a verdade? Ou achou que sua história não era boa o suficiente para ser dita, e resolver dar uma pitada de "curiosidade".
É fácil vc inventar uma história nova, ou uma desculpa nova quando o calo aperta...Desafio mesmo é conseguir falar a verdade em qlqr circustância.. Aí virão aqueles que dizem não tem graça.. Então é melhor definimos melhor o significado de graça...não...melhor, vamos dizer o que não significa graça: desonestidade e falta de credibildade.
A vida não precisa disso..Sua palavra deve ser sim, sim; não, não

Pacheco - Rafael disse...

A mentira é tão presente em nossas vidas que estamos blindados, de certa forma.
Sabe aquela sensação de acordar em um primeiro de abril e em um momento de sorte durante o café da manhã se dar conta da data e pensar: "hoje ninguém me pega, vou preparado"? É assim que tendemos a nos sentir todos os dias. Vamos ao trabalho logo cedo cientes de que devemos contar o troco do ônibus, andar com a mochila à frente do corpo no metrô, olhar em volta o tempo todo e pensar duas vezes antes de dobrar a esquina na companhia de alguém, qualquer que seja o motivo.
Essa blindagem, se até certo ponto é fruto da ciência de que vivemos em uma sociedade mentirosa, em muito nos estimula a caprichar nas nossas próprias mentiras, corriqueiras e inevitáveis no dia-a-dia.
Logo, essa bola de neve mentira X blindagem cria o paradigma de que a verdade não atinge a consciência do próximo, que inconscientemente jamais espera 100% da nossa sinceridade.

Acredite se quiser...

Pacheco - Rafael disse...

PS: O que esse André Ranieri sabe da vida? Alguém que curte Teatro Mágico e High School Musical sabe o que da vida?!

Sem contar que esse cabelinho...

André Ranieri disse...

Ai, ai. Esse Rafa tinha que falar alguma coisa de mim. Viriu cabelereiro agora? E do dono do blog, não vai falar nada? O cara quase tem um ataque cardíaco por causa de uma biribinha, pede pra mãe ligar no trampo pra falar que ele está dodói e pede um ovo de páscoa da meninas super poderosas.

Tuca Veiga disse...

Sério? Não, Mentira né. Chamou a mamãe?

Bom, sendo verdade ou não já dei muita risada só de imaginar a mão do felipão colaborando com o seu gato no trampo.

Fausto, a mentira certamente pode ser muito conveniente. Até pq ela tem diversas caras, motivações e utilidades.

Mas como o que gerou o debate foi a frase de Capote, a sua compreensão, e o que ele diz com "acrescentar ficção" norteia o sentido da mentira.

E um "viva" ao dia da mentira. ou alguém quer que ela morra?

LEIAM TAMBÉM: tomadadeopiniao.blogspot.com

Tuca Veiga disse...

mãe do felipão...*

Pacheco - Rafael disse...

Prometi a mim mesmo não ficar colocando muito comentário fora do contexto dos posts, para não avacalhar o blog do amigo.

Mas com o Tuca, ou a Tuca - me desculpe, não te conheço - levantou a questão da mãe do Felipão, na condição de quem fez o contato direto com ela me dou ao direito de falar. (rs)

Teria sido então uma mentira? Uma trama bem bolada para nosso jovem apaixonado por cinema dar uma escapadela de suas obrigações contratuais? Acredito que não.

Sobre a mentira - e deixemos claro, jogando as brincadeiras para escanteio, que ela não se aplica à mãe do camarada - acredito que a falta de coragem é apenas um dos motivos. Ela geralmente não leva à mentira, e sim à omissão.

A mentira geralmente é estimulada por ganância, interesses pessoais, etc. O que faz do "fechar os olhos para a verdade" uma ação muito mais covarde do que mentir, de fato.

Pacheco - Rafael disse...

SOBRE O 1º DE ABRIL.

Estive pensando, são estranhos esses feriados.

No Natal nos fazem crer em duas histórias: uma sobre um velho senhor do Pólo Norte que fabrica brinquedos com seus duendes, e uma sobre o Filho de Deus, nascido de uma virgem. Em comemoração à data devemos, obrigatoriamente - por convenção social - estreitar os laços de família e perdoar tudo e a todos. Muitas vezes vamos a casas de parentes que não queremos ver para “confraternizar”. É Natal ora bolas, sofrem os rejeitados e os perus.

E a Páscoa então? Na primeira versão ela marcava um fato histórico: a fuga do povo hebreu - comprovada, tirante a abertura do Mar Vermelho. Não contentes foram lá e enfiaram a saga do aniversariante mais ilustre do Natal como o real sentido da data. Menos contentes ainda agregaram a ilusão de um coelho com poderes mágicos – em algumas casas ele é mais forte que o Super Homem – que vem deixar ovos de chocolate.

Nesse ponto aliás vale um adendo: já repararam que nos três principais feriados religiosos colocam alguma forma de presentear as crianças? Fruto da inteligência dos homens, que assim como dão prêmios a cachorros adestrados usam brinquedos e chocolates para catequizar os filhos. Além do Natal e da Páscoa, temos a semana de Nossa Senhora, onde é comemorado o Dia da Criança. Comercialmente é uma beleza, mas não levemos a discussão para esse mérito.

De volta aos feriados, e resumindo para não estender, temos ainda o dia de um santo que arruma casamentos e o dia em que a meia noite comemoramos a renovação das esperanças e a chegada de um novo ano – e nos esquecemos que o ano só é novo naquele ponto por conta de um padre. Isso sem falar no dia de finados. Ou alguém acredita que os entes queridos que já se foram marcam em uma folhinha a data e pensam: “oba, hoje vou ganhar flores”?

Para não perder o raciocínio, vale recordar: Papai Noel e Jesus, Coelhinho da Páscoa e Jesus, o santo casamenteiro e o Dia dos Namorados, os mortos em polvorosa pela presença dos parentes em suas eternas moradas – mesmo aqueles parentes dos quais não gostavam de ir à casa no Natal. São tantas as datas “comemorativas” que nem temos tempo de raciocinar e perceber: em todo feriado, apesar de não precisar trabalhar, temos que acreditar em alguma coisa fantasiosa e temos alguma obrigação social e religiosa.

E depois o 1º de abri é que é o Dia da Mentira.
Resta saber quando será comemorada a hipocrisia.

Unknown disse...

Primeiro sobre a mentira ser vista de forma tão negativo e sempre errada...
as vezes a verdade não está certa, nem é a melhor coisa como o Andre disse.
Agora Rafa, o 1º dia do ano foi determinado por um imperador romano e depois um papa assinou embaixo.
Sobre a mistureba da páscoa, natal etc tem a ver com miscigenação de culturas. Que tambem remete desde os romanos
VOltando a mentira a única máxima que eu concordo é: "A mentira tem perna curta"

(obs: eu odeio acentos e pontos)

Pacheco - Rafael disse...

Pedro, cadê a tal resposta?

A única coisa que fez foi atribuir aos romanos metade da pataquada que descrevi...

Para mim forçar as crianças a ter crenças desde cedo continua sendo errado. Ela tem que crescer e descidir por si mesma.

Da mesma forma que essas obrigatoriedades de comer depois da meia noite, rezar para sabe lá o quê, e etc não tem nada a ver.

Camila Zanforlin disse...

nossa a sangue frio é um dos melhores livros que eu já li... foi super rápido e prende a gente... é muito bom!