sábado, 5 de setembro de 2009

Cadê a utopia?


Que a sociedade contemporânea vive uma grande crise de personalidade não resta nenhuma dúvida. No Brasil, o nacionalismo é cada vez mais deixado de lado e a demonstração do povo de indignação com as autoridades é quase inexistente. Em meio a esta derrotada realidade (que eu também faço parte e tenho minha parcela de culpa), resta àqueles que viveram uma geração movida por utopias recorreram às lembranças de um país que se indignava até com as coisas que lhe eram positivas.

Venho abordar este assunto (mesmo sabendo que quando terminá-lo de escrever posso entender menos do pouco que sei), pois esta semana eu assisti o documentário “Glauber – O Labirinto do Brasil”, um material que conta detalhadamente a personalidade de um dos maiores e mais indignados cineastas deste País.

Uma frase de Arnaldo Jabor sobre Glauber no meio do filme mostra uma característica escassa no homem da atual: “Glauber era um grande pensador oral”.

Glauber não fazia cinema para enriquecer, mas sim para mostrar ao público a sua arte que, para ele, era inovadora e revolucionária. Por isso, afirmava a todo o momento “Eu acredito que a obra de arte é um produto da loucura”.

Uma pessoa que pensa diferente das outras é sempre muito incompreendida, porque ninguém tem o interesse de entendê-la (eu me incluo neste grupo de “ignorantes”). Talvez tenha sido por este motivo que Glauber Rocha não pode ser comparada com qualquer outro cineasta brasileiro.

“Não servi, não sirvo e nem pretendo servir a nenhum centro de poder cultural, econômico e político”.Glauber foi, sim, um utópico diferenciado.



Felipe Pugliese