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Olá meus caros leitores.
Em uma semana agitada nos bastidores políticos dos Estados Unidos, devido à tomada de posse da Casa Branca do novo presidente do país Barack Obama, o cineasta Fernando Meirelles apresentou ao público seu novo projeto que estreará dia 23 deste mês. A empresa de Meirelles, O2, comprou os direitos do documentário “Novo século americano”, do cineasta italiano Massimo Mazucco. O longa desvenda alguns detalhes secretos, até então desconhecidos, das relações políticas externas do país que é considerado a maior potência do mundo atual contemporâneo.
A Folha de S. Paulo apresentou, nesta segunda-feira, no Cine Bombril, o documentário ao público. Logo após a sessão, o projeto Folha Documenta realizou um intrigante debate com o cineasta Fernando Meirelles, o sábio filósofo e colunista da Ilustrada, Luiz Felipe Pondé, o ator Paulo Betti, que faz a dublagem do documentário, e Donald Ranvaud, produtor do longa. Eu não poderia perder esta oportunidade, e não perdi.
Absorto, esta é a palavra que melhor define a forma que o documentário denuncia as ações do governo Bush e as trágicas decisões tomadas pelo presidente americano após os fatídicos atentados terroristas de 11 de setembro. Sobretudo, aponta sem pudor os principais interesses econômicos por trás das iniciativas militares, como por exemplo, na Guerra do Iraque.
Sem sombra de dúvidas, o mais interessante que tenho a repassar a você, meu leitor, não é o enredo do documentário, todavia, sim, a visão dos quatro personagens que participaram do debate.
O comportamento cético de Pondé foi o que mais despertou interesse do público, principalmente na hora de classificar o filme como manipulador de visões sobre os EUA.
“A intenção do filme é concentrar teorias falsas incriminando os EUA. Eu vejo este filme como uma peça de divulgação, que tem uma parte que levanta uma série de problemas com um impacto emocional muito grande. O seu verdadeiro intuito é de nós mostrar que estes caras (Bush e seu comparsas) são realmente maus”.
O filósofo ainda despertou uma visão no telespectador de como deveria ser entendido o que acabara de ser transmitido. “Nós devemos assistir este documentário, mas não devemos receber como um grupo de fiéis que esta recebendo a última informação sobre o caso”, vociferou Pondé, despertando uma aparência de poucos amigos de Donald Ranvaud.
Meirelles também enriqueceu o debate com importantes depoimentos. Ao ser questionado se o filme estava sendo estrategicamente lançado em janeiro, mês que um novo homem toma posse da Casa Branca, o cineasta confirmou esta sendo uma jogada de marketing. “A idéia de lançar nesta semana é celebrar o fim da era Bush”.
O cineasta ainda mencionou a imprensa como manipuladora dos fatos e disse adotar um comportamento cético com as notícias que lê nos jornais. “Para mim, a principal idéia do filme é como a informação é manipulada e que não podemos acreditar o que lemos em jornais. Cada dia eu desconfio mais de jornais e jornalistas”.
Meirelles, no entanto, se contradisse ao ser perguntado como divulgaria seu novo projeto. “Espero poder contar com a ajuda imprensa e das pessoas que assistirem ao longa”. Será que ao divulgar o documentário a imprensa não será manipuladora também, como afirmou Meirelles?
Pondé elucidou sua opinião sobre esta questão da imprensa imposta por Meirelles. “A imprensa ocupa um papel como se fosse um braço armado da democracia, no sentido que os alunos saem da faculdade com o pensamento que farão o mundo a se entender melhor, no entanto, nem sempre a informação não é o que você quer ouvir”.
Com depoimentos menos profícuos, o ator Paulo Batti, que faz um belo trabalho de dublagem, mostrou que também é engajado em discussões políticas, entretanto, suas visões não são tão interessantes como as de Pondé. “O poder que tem o documentário é muito forte. Você sai com a sensação de que aprendeu alguma coisa”.
A oportunidade de participar deste debate enriqueceu culturalmente a todos que estavam presentes.
Felipe Pugliese
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